“Temos o prazer de anunciar que a insulina agora é gratuita.”
Com este anúncio no Twitter, um perfil falso afetou a gigante farmacêutica Eli Lilly e conseguiu deixar em xeque a confiança na rede social de Elon Musk e ainda por cima causar barulho no mercado financeiro.
Como assim? Bem, nos Estados Unidos, os valores dos medicamentos são astronômicos e um único frasco de insulina é vendido, na média, por US$ 275 (que hoje, quando este texto está sendo criado, é de, vai lá, R$ 1.458 e o polêmico anúncio feito no Twitter oficial na sexta-feira, 11 de novembro de 2022, praticamente anunciava que o produto estava sendo dado.
“Mas o que foi que aconteceu?” você deve estar pensando. A grande questão está na conta que fez o anúncio, ela tinha o tal do selo azul, uma maneira de certificar que a identidade daquele usuário havia sido verificada pelo Twitter. Mas…adivinha só: era um selo verdadeiro em um perfil falso!
Para sentir o tamanho do estrago, basta dizer que a Eli Lilly registrou uma queda de 4% nas ações um dia depois que este perfil fake/verificado comprou o selo azul e fez um post dizendo que daria insulina, digamos assim, “de graça”.
Alguém criou a conta falsa usando as novas regras introduzidas no Twitter por Elon Musk, pagou os US $7,99 para ter direito ao selo verificador e se passar pela empresa farmacêutica americana. Foram 11 mil curtidas antes de a fraude ser descoberta e o perfil picareta ser suspenso.
Sim, 11 mil curtidas no Twitter é muita coisa! Foi suficiente para que as ações da Eli Lilly despencassem 4,3%. Até o perfil oficial da gigante esclarecer que a informação era falsa, o dano causado à reputação já estava enorme. A “brincadeira” deu luz ao tema dos preços praticados sobre o preço que a empresa sempre cobrou por este medicamento tão importante para manter a vida de quem é diabético.
O esclarecimento, que saiu ironicamente também no Twitter, foi o seguinte:
“Pedimos desculpas àqueles que receberam uma mensagem enganosa de uma conta falsa da Lilly”
Esta falha na verificação chamou a atenção para outras questões. Em um país como os Estados Unidos, com aproximadamente 7 milhões de pessoas que sofrem de diabetes, a polêmica não foi o perfil falso, mas como que que na terra do Tio Sam este medicamento tem um dos preços mais altos do planeta? Nem todos nos EUA possuem seguro saúde e os gastos podem ultrapassar facilmente os 12 mil dólares por ano – um país com alto índice de obesidade, uma das causas da diabetes.
Acha exagerado? Então pense da seguinte maneira: no SUS do nosso Brasil, dá para conseguir insulina de graça.
O senador Bernie Sanders aproveitou a porta aberta e mandou essa no Twitter:
“Vamos ser claros. Eli Lilly deveria se desculpar por aumentar o preço da insulina em mais de 1200% desde 1996. US $275, enquanto custa menos de $10 para produzir. Os inventores da insulina venderam suas patentes em 1923 por US $1 para salvar vidas, não para tornar o CEO da Eli Lilly obscenamente rico”.
Selinho azul… azul selinho
O efeito insulina fez o Twitter suspender não apenas essa, mas outras contas falsas até detectarem o que aconteceu para o selo azul ser liberado. Desde que Elon Musk comprou o Twitter por $44 bilhões após uma verdadeira novela, esta verificação sempre gerou polêmica. Na teoria, quem buscava o selo azul ao lado do nome tinha que provar sua identidade – claramente, não foi o que aconteceu.
O lançamento do “Twitter Blue” começou para dispositivos Apple nos EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido, quando os usuários precisavam fornecer um ID Apple e um número de telefone para ativar o serviço premium. O golpe escancarou que ainda precisamos estar atentos com o que está nas redes sociais – serviço mais que sobrado para equipes de social media.
O que mudou de fato?
Passada toda confusão e supostamente com os problemas superados, a verificarão começou pra valer. O programa terá um custo mensal de US$ 8, mas usuários iOS e, para iPhone, o valor será de US$ 11 mensais para editar tweets, baixar vídeos em 1080p, ter acesso a um modo leitor e receber o tão aguardado – e polêmico – selo de verificação azul depois que sua conta for revisada.
Musk confirmou que o Twitter passará a oferecer um espaço de até 4 mil caracteres nas publicações – muito mais do que os atuais 240. No Brasil, a verificação ainda não tem data para começar.
Fique atento! Sua empresa pode passar pela mesma situação.